domingo, 27 de janeiro de 2013

Caixa de Pandora

Tenho uma caixa...

A minha caixa mágica. Só eu a vejo sabem? Ela é perfeita. Quadrada, cor de rosa, brilhante e com purpurinas... Tal e qual como a minha filha iria adorar.

Não a abro, senão muito raramente. Só quando preciso de guardar algo de mim, guardar partes de mim.

Nela, como caixa mágica que é, cabe tudo o que eu quiser lá colocar. O bom, o mau, as desilusões, as ilusões...

Desta vez guardo um amor vivo. Daqueles que não se teve a coragem, ou a chance, de o viver. Sim, porque um Amor que não é vivido... Não morre...Por muito que o tentemos «matar»... Ele corrói, incomoda, está lá... Por isso preciso da minha caixinha mágica. Para o esconder de mim. Para encerrar parte de mim que, essa sim, morreu.

A parte que acreditava que ainda era possível frases como «amo-te e vamos ultrapassar tudo». E «quero ficar contigo e enfrentar os altos e baixos». A parte de mim que ainda acreditava no Amor... Bom. Essa morreu.

Acho que quando a dor, definitivamente, começar a cicatrizar a Raquel que eu sou (era??) não voltará. Temo tornar-me cínica. Amarga. Mal amada. Por esta... Bom, por esta eu não esperava e isso magoa mais que tudo.

Até o passado... Que tinha sido um doce... Até esse agora não me parece real e até essas memórias jazem agora a meus pés. Espezinhadas. Frias. Fracas.

Está na hora... Abri a minha caixinha cor de rosa... Vi tanta coisa que me fez doer em outras (tantas!!) alturas da minha vida.

Devagar... Coloco, novamente, parte de mim, lá dentro. Parte de ti. E todo esse Amor que poderia ter sido vivido. E não foi. Não me deixaste fazer parte. Não quiseste, sim, não quiseste.

Fecho a minha caixinha. Dobro-a, e dobro-a, como só as coisas mágicas se podem dobrar. Arrumo-a num canto poeirento do meu coração, no escuro.

E sei. Sei que voltarei a lá. Vez atrás de vez.

 Até que o tempo e a distância me permitirão voltar a sorrir. E a não voltar aos cantos escuros do meu coração.



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