domingo, 25 de novembro de 2012

Família...

Um dia destes ao ver uma série («The Firm», que aqueles camelos do AXN interromperam e nunca mais deram, são uns sacanas :P) uma das personagens (feminina pois claro!!) encontra-se na psicóloga. Deprimidíssima, ela diz que não entende porque o namorado de há 10 anos, com quem vive, e é muito feliz, não a pede em casamento... Que não entende se ele terá medo do compromisso; se afinal ele não gosta dela, como ela dele; se ele quer estar livre para desaparecer quando lhe apetecer...

A psicóloga deu uma volta de 180 º à conversa (inteligente a Srª Doutora)... E perguntou-lhe se ela não se deveria interrogar porque é que era tão importante para ela o casamento. Se eram felizes, se tinham relação estável...

Após uns segundos (isto em tv não se pode estar calado muito tempo senão mudamos de canal) de silêncio ela respondeu que assim não tinha a noção de família. De pertença (no bom sentido e não no de posse), de partilha, de ambos investirem no mesmo futuro.

Nesse ponto do diálogo desliguei-me da televisão. Fiz uma retrospectiva da minha vida... E percebi, finalmente percebi, porque o casamento foi sempre tão importante para mim... Sempre quis ter uma família dita normal (hoje em dia está em desuso e quase se pode afirmar que está demodé, este meu anseio). Mãe, Pai, filhos...

Sempre foi esse o meu desejo. Pertencer a alguém, a alguém que também me pertencesse a mim. A ter uma família com sogros, cunhados, tias e primos... Com marido. Vai daí esse é o motivo porque me casei (more than once can I said). 

Vejo agora que nunca me casei pelo motivo certo. Nunca me casei por Amor. A paixão, a amizade, a luxúria, poderiam estar presentes não o nego, mas o Amor... Amor não... Foi sempre pela ânsia «precipitada» de ter a minha família (em pequena nunca a tive, portanto nunca vivi numa família nuclear normal), o meu canto, o meu lar. 

Fiz escolhas erradas (muito erradas), fiz escolhas certas que deram errado. 

Era isso que eu queria dantes. Estabilidade emocional. Saber que no fim do dia teria alguém que me amava à minha espera, e por quem eu ansiava a sua companhia...

Nunca ocorreu. Nem casada. Agora tenho o coração cheio de cicatrizes mas, como diz a minha Mãe, ainda não aprendi nada e continuo a ser imatura. Continuo a acreditar que me vão amar pelo que sou, que estarão lá disponíveis para mim, que vão se preocupar comigo e mimar-me. 

Aprendi que nada na vida é assim.

Que pode, sim, existir Amor. 

Mas é sempre uma visão deturpada de Amor, em que normalmente olham sempre para o seu próprio umbigo. As suas necessidades. Os seus sonhos e desejos. Já ninguém luta por «nós». Pelas «nossas» necessidades. Pelos «nossos» sonhos. Pelos «nossos» desejos. Quando, para mim o Amor é a coisa mais importante do Mundo... 

Mas, hoje em dia, ninguém abdica de nada em prol do Amor.

E nenhum dos meus casamentos foi precedido por um pedido de casamento «formal». Sei que não se usa. Que as pessoas «juntam os trapinhos» e nem sequere falam sobre isso. Vai-se ficando «enquanto der». Não gosto disso. Gosto de planos, mesmo sem data marcada. Gosto de imaginar um futuro em conjunto. Gosto de imaginar um «nós» velhinhos a passear de mão dada.


Creio que tudo isso me está vedado.


Creio que o meu Cupido deve ser esquizofrénico,ou então está apaixonado por mim e não me deixa ser feliz com mais ninguém...

Até há bem pouco tempo ainda acreditava em relacionamentos. Em que ainda poderia vir a abraçar uma relação saudável (nenhuma relação é sempre feliz 24 horas por dia/7 dias por semana)...

No fundo, bem no fundo, de mim (tão no fundo que nem eu própria admito) ainda gostava que alguém me pedisse em casamento «à filme». No cimo da Torre Eiffel, no elevador para o Pão de Açúcar, no Grand Canyon, em Las Vegas, no cimo do Cristo Rei... :) Nada disso acontecerá, tenho plena consciência. 

Hoje é tudo a prazo. E coisas a prazo, para mim, só os produtos alimentares que compro :) 

Já me vejo velhinha. Rezingona, sozinha e endurecida pela vida... Rodeada de gatos e cães. Mas... sozinha...







Nenhum comentário: