domingo, 20 de abril de 2014

Páscoa...

Olá pai...

«Pai» estranha palavra essa que não me sai naturalmente, não flui... Enrola-se-me na garganta, passa-me pelos dentes de fininho e soa torto, soa a algo inusitado...

Acho que nunca te conheci. Ou então conheci e havia muito pouco que pudesses oferecer. Não me lembro de ti em nenhuma das minhas festas de anos... Não me lembro de um abraço, de um carinho. Lembro-me de discussões, de raivas, de ausências...

Acho que entretanto comecei a desconfiar de tudo e de todos. Afinal o 1º homem que era suposto amar-me foi o 1º homem a abandonar-me. O 1º que me falhou e que não me deu nem segurança nem apoio... Mentiria se dissesse que não me afetou, que não moldou a minha forma de viver e de confiar (ou desconfiar) do Mundo...

Aprendi no entanto que há muito maus Pais. Tu foste somente um pai ausente, um pai distante que não soube dar de si.

Creio que foste a pessoa no Mundo que mais sofreu com todas as tuas atitudes, ou falta delas. Acho que nunca soubeste amar porque nunca foste ensinado a tal... Percebi que nada havia a perdoar-te, mas sim que a maior missão que «tens» é perdoar-te a ti mesmo por nunca teres estado realmente presente. Acho que não sabias...

Nunca esquecerei, óbvio que não... Mas, não guardo rancores nem ódios... Acho que, apesar de não ter sido suficiente foste o melhor que poderias ser... E não se pode exigir a alguém que dê mais do que aquilo que pode.

Espero que encontres a tua paz, a tua luz, o teu caminho. E que consigas realmente perdoar-te a ti próprio...